É a deusa guerreira, senhora dos ventos, das tempestades e dona dos raios. É a dona dos eguns. É a mulher principal de Xangô. Veste-se de vermelho, marrom escuro e branco. Seu dia é quarta-feira e sua saudação é "Eparrei Iansã!". Suas filhas são alegres, audaciosas, intrigantes, autoritárias, briguentas e sensuais. Ambiciosas e de temperamento forte, guerreiras e comunicativas.
" Lenda de Iansã ou Oyá"
Ogum caçava na floresta quando avistou um búfalo. Ficou na espreita, pronto para abater a fera. Qual foi a sua surpresa ao ver que, de repente, de sob a pele do búfalo saiu uma mulher linda. Era Oyá. E não se deu conta de estar sendo observada. Ela escondeu a pele de búfalo e caminhou para o mercado da cidade. Tendo visto tudo, Ogum aproveitou e roubou a pele. Ogum escondeu a pele de Oyá num quarto de sua casa. Depois foi ao mercado ao encontro da bela mulher.
Estonteado por sua beleza, Ogum cortejou Oyá. Pediu-a em casamento. Ela não respondeu e seguiu para a floresta. Mas lá chegando não encontrou a pele. Voltou ao mercado e encontrou Ogum. Ele esperava por ela, mas fingiu nada saber. Negou não haver roubado o que quer que fosse de Iansã. De novo, apaixonado pediu Oyá em casamento. Oyá astuta, concordou em se casar e foi viver com Ogum em sua casa, mas fez suas exigências: ninguém na casa poderia se referir a ela fazendo qualquer alusão ao seu lado animal. Nem se poderia usar a casca do dendê para fazer o fogo, nem rolar o pilão pelo chão da casa.
Ogum ouviu os seus apelos e expôs aos familiares as condições para todos conviverem em paz com sua nova esposa. A vida no lar entrou na rotina. Oyá teve nove filhos e por isso era chamada de Iansã, a mãe dos nove. Mas nunca deixou de procurar a pele de búfalo. As outras mulheres de Ogum cada vez sentiam-se mais enciumadas. Quando Ogum saia para caçar e cultivar o campo, elas planejavam uma forma de descobrir o segredo da origem de Iansã. Assim uma delas embriagou Ogum e este revelou o mistério.
E na ausência de Ogum, as mulheres passaram a cantarolar coisas que sugeriam o esconderijo da pele de Oyá, e coisas que aludiam o seu lado animal. Um dia, estando sozinha em casa, Iansã procurou em cada quarto, até que encontrou sua pele. Ela vestiu a pele e esperou que as mulheres retornassem. E então, saiu bufando, dando chifradas em todas, abrindo-lhes a barriga. Somente seus nove filhos foram poupados. E eles, desesperados clamavam por sua benevolência. O búfalo acalmou-se, os consolou e depois partiu. Antes porém deixou com os nove filhos o seu par de chifres. Num momento de perigo ou de necessidade, seus filhos deveriam esfregar um dos chifres no outro. E Iansã, estivesse onde estivesse, viria rápida como um raio em seu socorro.
"Eparrei Iansã"
Fonte: "Lendas africanas dos Orixás. --- Pierre Verger"
Mãe Regiane Fernandes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário