quinta-feira, 9 de outubro de 2014

" A porta da Frente"

Axé a todos, um texto maravilhoso, que retrata a realidade de muitos terreiros.   



A quantidade de médiuns que entram e saem dos Terreiros em São Paulo e por todo o País é enorme, alguns mudando para outro Terreiro, outros dando início a uma nova Casa. Tenho certeza que este grande fluxo de pessoas ocorre para que haja uma reciclagem na religião, muito em função das afinidades entre as pessoas, assim como a afinidade de objetivos.  A minha intenção neste texto é retratar algumas situações que ocorrem no processo de saída.
Nestes processos que envolvem mudanças, existe um tempero ardido chamado relacionamento pessoal, onde a religião pode diminuir e podem crescer as deficiências de convivência. Estas mesmas deficiências darão abertura a um comportamento hostil envolto em um manto de mentiras e desentendimentos.
A partir daí, o médium que se mostrou dedicado – ou aparentemente dedicado – vai forçar a sua própria saída pela portas do fundo.  Começa então uma sequência de dissabores, problemas com os compromissos assumidos, desrespeito aos horários estabelecidos e um total descaso com os problemas da Casa.  Temos aí um comportamento típico de quem quer sair, mas não tem iniciativa de verbalizar:
- EU QUERO SAIR!
Este comportamento sempre tem um final infeliz, seja pelo lado da Casa, representada por um dirigente, seja pelo lado do médium, que acaba “se queimando”.  O pior neste cenário obscuro é o comportamento posterior onde o médium que saiu sai falando da Casa e, quem ficou, fica falando do médium.
Tudo isto deve ser evitado e tudo deve ser encarado como relacionamento pessoal e não religioso.  O desprendimento e a solução estão nas mãos de ambos os lados. O dirigente pode tomar a iniciativa e através do diálogo fazer com que o médium tome o seu caminho; já o médium também pode estabelecer um diálogo e seguir o seu caminho, buscando novos horizontes.  Em ambas as situações devem prevalecer a educação e a razão, e não o sentimento e a emoção.
O dirigente não tem necessidade de uma conversa áspera com o médium na frente de outras pessoas e o médium não tem a necessidade de chegar no dia e na hora do trabalho, faltando vinte minutos para começar os trabalhos, por exemplo, dizendo:
- Adeus vou seguir o meu caminho!
O Terreiro não funciona somente no dia de trabalho e nós que vivemos entre as maravilhas da espiritualidade podemos nos beneficiar das maravilhas da tecnologia e usar um simples telefone, por exemplo:
- Querido dirigente, gostaria de marcar um horário fora do dia de trabalho para conversarmos sobre a minha saída da casa…
E olha que nem doeu hein, mas alguns vão argumentar que se criou uma relação de medo entre o dirigente e o médium e isso não será possível.  Daí eu pergunto: quem tem mais medo nesta história? O dirigente tem medo de perder um médium ou o médium tem medo da suposta reação do dirigente?
Outros vão argumentar:
- Sei que se sair ele vai me castigar fazendo trabalhos espirituais para mim?
Então, isso significa que nos últimos anos você trabalhou com uma pessoa que faz trabalhos ruins para os outros, pois quem tem a insensatez de acertar o próprio médium pode acertar qualquer um!
Outros vão se encostar:
- Está ruim, mas vou levando. Um dia eu saio ou procuro um outro lugar, vou jogar o meu amor próprio fora e vou esperar mais um pouquinho…
Céus!!!  Todos estes relatos são catastróficos, mas sei que é a realidade de muitas pessoas!
Apenas alguns conselhos para terminar:
Quer sair? Saia! Mas saia pela porta da frente e com a cabeça erguida! Não invente mentiras ou desculpas que você mesmo não conseguirá sustentar!
Não gosta do trabalho onde você está? Então saia e procure um outro trabalho, mas saia de boca fechada e não cuspindo no prato que te alimentou nos últimos anos, porque se esta comida foi ruim, você se fartou dela nos últimos tempos. Então, esta “ruindade” lhe é peculiar, ou saia e abra um trabalho com o seu nome para que você possa sentir todas as dificuldades do dia a dia; e peço que se você tem esta dignidade, saia sem fazer confusão ou tentando por meios obscuros chamar a atenção dos antigos frequentadores para que eles te dêem “atenção” no seu novo trabalho.  Começar do zero é começar com assistência nova também! Quem senta na janela com o trem andando pode muito bem cair!
É impressionante como é pequena a quantidade de dirigentes que estão presentes na inauguração das Casas de seus “filhos”!
Ah, me desculpe, esqueci que você não convidou seu dirigente para a inauguração da sua Casa nova, pois você havia brigado, mentido e ido embora…
Aos Dirigentes: médiuns vem e vão, somente o trabalho fica. Faça do trabalho a alavanca determinante do seu trabalho.
Quem tem que sair que saia, mas que seja pela porta da frente!


Texto escrito pelo Sacerdote Jorge Escritori ( Umbanda eu curto)
Axé a todos.
Mãe Regiane Fernandes.

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